REMINDO O TEMPO

REMINDO O TEMPO

Sempre tive curiosidade pelos maravilhosos relógios cucos, que coisa magnífica!    Com aqueles desenhos rebuscados que compõem suas estampas e visuais, aqueles pêndulos dançando uma dança imaginária e linda! E os passarinhos saindo a cada hora, cantando aquele som característico dos cucos.

Como minha curiosidade sempre vem acompanhada da vontade de satisfação, fui pesquisar no Google sobre os relógios cucos. Descobri que o mais importante deles é o Floresta Negra, adaptado pelo artesão alemão Franz Anton Ketterer por volta de 1750, para o formato de cuco. Muito lindo. É o da foto desta crônica.

Olhando para ele, veio-me um pensamento sobre o tempo, afinal é o que torna necessária a presença do cuco e de todos os outros tipos de relógios: o tempo.

O dia amanhece, acordamos com planos de fazer várias coisas; a tarde chega e não fizemos muito ainda; enfim, a noite chega e não fizemos vinte por cento do que esperávamos fazer. O dia se foi.

Por mais que fiquemos nessa correria louca, nunca conseguimos estar “em dia” com o tempo. Estamos sempre com a sensação de termos deixado algo incompleto, com a sensação de que poderíamos ter feito um pouco mais, ter apertado os ponteiros e executado o planejado.

O Eclesiastes diz que “há tempo para tudo”, mas vivemos com a impressão de que “não há tempo para nada!”

Quem nunca pensou como seria bom voltar no tempo? Filmes e mais filmes abordam esse tema: voltar ao passado e tentar consertar algo que fizemos errado; na maioria das vezes, o personagem conserta uma coisa e bagunça dez outras.

Será que se voltássemos ao nosso passado faríamos melhor do que fizemos? Será que faríamos diferente ou apenas deixaríamos como está?

Remir o tempo é recuperar o tempo perdido, é tentar aproveitar melhor cada instante.

Sentamo-nos para descansar um pouco e o tempo voa. Aquela ida à casa de um amigo que estamos programando há tempos nunca acontece. Aquela saída noturna para se divertir, dançar, conversar com amigos, curtir o vento à beira do lago ou apenas caminhar pela rua, nunca rola!

O que estamos fazendo com nosso tempo? Os cabelos brancos em nossas têmporas nos dizem que ele, o tempo, está indo embora sem pensar em voltar! O tempo sem dúvida é o bem mais precioso à nossa disposição; negociemos bem o nosso, pois com ou sem o cuco nos alertando a cada hora, o tempo se esvai.

Ó Senhor, ensina-nos a remir nosso tempo!

João Costa