Feliz Aniversário!
Tempos modernos, estranhos, diferentes?
Acordei hoje com várias mensagens de feliz aniversário. Não eram de amigos; eram das minhas redes sociais, lojas, bancos, minha agenda eletrônica. Até o Serasa me mandou uma mensagem feliz! Rsss
Tempo moderno esse.
Engraçado é que, se essas mesmas redes sociais não lembram aos nossos amigos que é nosso aniversário, eles não fazem a menor ideia. Estamos em estado de dominação intensa. Cada ação nossa é monitorada pelas redes; as pessoas gostam de mostrar tudo o que fazem a todos: se vão passear com o cachorro, postam; se vão ao shopping, postam; se vão trabalhar, postam; se vão namorar, postam; se vão tomar banho, postam; postam foto da comida, foto do asfalto esburacado, foto do rato atravessando a rua, foto do esgoto a céu aberto… fotos, fotos e mais fotos. Daí as redes sociais se acharem mais “amigas” das pessoas do que os amigos humanos. Está certíssima em “pensar” assim.
Tempo estranho esse.
Há exatos cinquenta anos, eu cantava numa igreja Assembleia de Deus junto à minha saudosa irmã Celina. Eu, com quatro anos; ela, com onze. Era bom cantar juntos; nos dávamos bem. Ela se foi há quarenta e três anos e parece que ainda está aqui. O tempo passa diferente em relação aos que amamos; é pura física quântica: não tem interrupção. Acaba a convivência aqui na Terra, mas de alguma maneira ainda nos sentimos conectados. Acho isso incrível! Lembro-me de que ela adorava o John Travolta; na época ele cantava apenas, ainda não era ator. As músicas tocavam o tempo todo no rádio; ela, com uma saia hippie longa e estampada em tons escuros e uma blusa dourada e brilhante dançava ao seu som — um sinal de ousadia para uma moça de dezessete anos de uma igreja pentecostal. Ela não se importava; era livre, incrivelmente livre! Hoje desfaço meus cinquenta e quatro anos me lembrando de você, irmã.
Tempos diferentes aqueles.
Estou meio saudoso; parece normal — coisa de cinquentão.
Estou feliz! Foram bons anos!
Obrigado, Senhor!