VENDE-SE UMA BICICLETA

Vende-se Uma Bicicleta

Tenho uns amigos que são ciclistas e vão a lugares lindos de bicicleta: campos floridos, montanhas maravilhosas, cachoeiras estonteantes e cidades históricas fantásticas com suas magrelas. Pensei: “Vou andar de bicicleta também, vou virar ciclista, andar com esse vento gostoso nos cabelos, voar baixo por essas estradinhas lindas.”

Tinha uma bicicleta aposentada há anos, que comprei de uma amiga, mas não paguei. Decidi consertá-la e negociá-la novamente, pagar a grana para minha amiga e sair pedalando por esse asfalto.

Levei a bike na oficina, o mecânico deu uma renovada nela, ficou legalzinha e eu, empolgado, montei na magrela e fui dar uma volta para estreá-la.

No primeiro cruzamento, fui dar sinal para virar à direita e não encontrei a alavanca do sinal. Achei muito esquisito, então parei e reorganizei mentalmente as ideias. Falei para mim mesmo: “Não tem seta, é bicicleta! Acordo mental feito, bora pedalar.”

O banco, em menos de um quilômetro, já estava incomodando bastante, apesar de eu ter colocado um banco mais largo. Aquele banquinho fininho entrando na bunda não é nada agradável. Haja bunda para aguentar!

Continuei por mais um quilômetro e não teve jeito: dei meia-volta e voltei para casa. Pelo amor de Deus! Não dá! Dor nas pernas, as costas parecem que tinham levado umas pancadas de um boxeador num ringue… nesse caso, a maldita da bicicleta!

Além do desconforto, vem a instabilidade que o trânsito provoca; como não tem retrovisor, é a perdição total. Não sei quem vem atrás; todo barulho de motor e o medo provocando suor nas têmporas. No último quarteirão antes de casa, eu já estava a pé, empurrando a bike. Insegurança total!

Perguntei à minha amiga se ela queria a coisinha de volta; ela disse que não. Acho que passou por experiência parecida com a minha. Propôs vendermos.

Deus abençoe e guarde meus amigos ciclistas e lhes dê pernas, bundas e olhos para essa aventura maluca.

Vou tentar perder uns quilos fazendo exercícios na cadeira, na segurança da minha sala: Pilates e levanta garfo. Melhor.

Enfim, depois dessa carreira meteórica como ciclista só me resta dizer:

VENDE-SE UMA BICICLETA

João Costa